Análise do capítulo 5
Desafios do exame nacional no sistema de ensino no Japão da obra Avaliação das Aprendizagens e Sucesso Escolar
8ª AULA - 14 de dezembro de 2018
O texto foi escrito pelo autor Misaaki Katsuno da Universidade de Tóquio. O texto teve como base o sistema educacional do ensino básico e secundário japonês.
Segundo o autor, os professores avaliam de forma regular os seus alunos através de varias formas, incluindo observações e quizzes durante as aulas, atividades, exercícios e testes no final de cada modulo ou no final de período. Ele nos explica que, considerando estas formas de avaliar são integradas as atividades cotidianas, é difícil verificar a frequência com que são realizadas.
De acordo com o autor, o sistema de ensino japonês necessita de exames de saídas nas diferentes etapas, isto é, após concluir um período, e antes de iniciar outro, o aluno precisará submeter-se a um exame de admissão. Já para as escolas privadas do ensino básico e secundário o autor explica que, os alunos são selecionados através de provas competitivas de admissão, por outro lado, as escolas públicas do mesmo ensino geralmente não impõem testes de admissão. Contudo, o autor informa que, para serem admitidos no ensino superior, público ou privado, os alunos devem obter aprovação no respectivo exame de admissão, e os tais exames, servem de critérios para que os alunos verifiquem o seu nível de conhecimento, entretanto, os exames não garantem que os alunos tenham adquirido o conhecimento aprendido. E isso nos faz refletir, se os resultados dos testes de admissão são eficazes e se fazem bem ao psicológico do aluno, e para os alunos que não conseguirem atingir os resultados esperados, o que pensam e o acham os seus familiares?
Por este motivo o autor anuncia que, em 2007, iniciou-se o exame nacional designado de National Achievement Test (NAT), ele nos explica que o exame não pretende certificar o aluno como tendo concluído determinado nível de ensino, segundo o Ministério da Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia (MEXT), o novo exame têm por objetivos: monitorizar a nível nacional a aprendizagem e sucesso dos alunos; avaliar os resultados de políticas de programas educativos e melhorar o ensino e aprendizagem. Ou seja, os alunos iram submeter-se as avaliações escolares, avaliações dos professores e também as avaliações nacionais, visando a qualidade no ensino. Entretanto, o autor relata que o NAT criou um ranking de províncias, medida nas classificações dos alunos. E segundo o autor, em termos legais, as escolas privadas podem recusar-se a participar, e pelo menos 61,5% das escolas privadas concordam em aplicar o exame nacional.
O NAT enquanto Política
Basicamente o autor informa que, o Conselho Central de Educação que reporta ao MEXT propôs um exame nacional, tendo sido alocados cerca de 6,2 bilhões de ienes pelo governo, e em abril de 2007 foi introduzido o NAT nas escolas, as disciplinas incluídas no exame foram Matemática e Língua japonesa, havendo Ciências sido adicionada em 2012.
Por que o NAT foi introduzido?
De acordo com o autor, há duas razões para isso, a primeira é que, o governo estava preocupado com os resultados dos programas internacionais de avaliação; e a segunda diz respeito ao desenvolvimento de um currículo que enfatizasse não apenas a aquisição, mas também a utilização e a exploração do conhecimento. Sendo assim, o NAT enquanto política estava evidentemente regrada com as políticas de ensino e de currículo do governo.
A implementação do NAT
O autor nos esclarece que o NAT começou com alguma turbulência, isso porque o Conselho de Educação de Inuyama recusou-se a participar do NAT, alegando que o teste iria transformar às escolas em lugares onde os alunos competiam por classificações elevadas, impedindo às escolas da cidade de nutrir a personalidade dos alunos e de desenvolver suas habilidades gerais. Mas em 2009 as escolas de Inuyama iniciaram os testes. Apesar disso, o autor aclara que a turbulência inicial acalmou-se e o NAT é agora implementado sem causar problemas sérios. E o autor segue nos informando que os pais pareciam ter uma opinião positiva sobre os testes, pois proporcionavam dados objetivos sobre o conhecimento dos seus filhos. Por outro lado, o autor informa que alguns professores realizavam inúmeros testes aos alunos, pois se sentiam obrigados à fazer, porém, o autor explica que os esforços para alcançar melhores resultados por vezes vão longe demais, por este motivo ele fala que o MEXT emitiu um memorando para os conselhos de educação locais, alertando contra o uso excessivo de simulações de teste e exercícios.
Dessa forma, podemos analisar que o regime educacional japonês estava sob forte pressão por parte dos níveis das competições escolares.
Visão dos Professores
Segundo o autor, foi desenvolvido um questionário nacional com o objetivo de explorar a visão dos professores do ensino básico e secundário sobre o NAT. De acordo com os resultados encontrados pelo o autor, a maioria dos professores indicaram as vantagens do NAT, alegando que o exame contribui para uma melhor compreensão da aprendizagem, melhorando o seu ensino. Apesar de a maioria dos professores apoiarem o NAT, alguns professores foram bastantes céticos e críticos ao exame.
Em resumo, o autor fala que após a análise dos resultados, pode-se verificar que a maioria dos professores consideram o NAT útil para compreender a aprendizagem dos alunos e os professores estão mais conscientes da necessidade de se preocuparem com o baixo rendimento dos alunos. Todavia, o autor afirma que esses mesmos professores explicam que estão preocupados com a sobrecarga de trabalhos, e alegam que não têm tempo, e nem recursos suficientes para refletir sobre o ensino, não conseguem colaborar com os colegas para melhorar seu ensino, e que muitas vezes à baixa de desempenho está relacionada com o estatuto socioeconómico dos alunos.
Currículo, Ensino e Avaliação dos Alunos
Neste tópico, o autor relata a revisão dos programas feita pelo Ministério. A revisão dos programas que segundo o ministério difere das outras anteriores, propõe que a avaliação dos alunos deveria está mais alinhada com a melhoria do currículo e de ensino. Em suma, a revisão dos programas enfatiza a melhoria do ensino com o objetivo de promover uma aprendizagem de qualidade, de modo que os alunos compreendam o que aprenderam, e que os alunos sejam avaliados em termos dos três critérios gerais de: conhecimento e competências, capacidade de pensar, tomar decisões e articular pontos de vista, atitude positiva face à aprendizagem e que também estaria excelentemente de acordo com a revisão do currículo. Dessa forma o MEXT claramente estaria a usar os testes nacionais como um incentivo político para apertar o controle sobre o currículo e o ensino.
Conclusões
De forma sucinta o autor conclui dizendo que, os professores consideram o NAT útil, mas que apresenta alguns desafios como por exemplo: a política atual do MEXT em relação a publicação dos resultados deve ser repensada; apesar da aparente eficácia do NAT como instrumento político para identificar quais as atitudes, habilidades e competências que o MEXT pretende que os alunos desenvolvam, é pouco provável que continue a ter um impacto positivo no ensino e na aprendizagem, a menos que seja dada maior atenção ao contexto de trabalho dos professores.
Referências
Katsuno, M. (2017). Desafios do exame nacional no sistema de ensino no Japão. In E. A. Machado, M. A. Flores & M. P. Alves (Orgs.), Avaliação das aprendizagens e sucesso escolar - Perspectivas internacionais (pp. 91-108). Santo Tirso: De Facto Editores.
Vídeo na plataforma youtube. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=bhJI-BpykZY [Acesso a 18 de janeiro de 2019]